Rembrandt e Vermeer – A Pintura Holandesa pelos mais expressivos representantes.

 Rembrandt

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Autorretrato – 1660

Nascido em uma família simples com muitos irmãos, em Leiden,  de Julho de 1606.

Rembrandt é considerado um dos maiores artistas do estilo barroco europeu, entre pinturas e gravuras. Foi matriculado na universidade de Leiden, aluno do pintor holandês Jacob Van Swaneburgh. Aos 18 anos foi para Amsterdam trabalhar para um famoso pintor – Pieter Lastman. Depois de seis meses abriu o seu próprio ateliê em sua cidade natal.

Um pintor tocado pela melancolia, Rembrandt ficou famoso pelo seu jeito único de pintar, usando uma técnica de luz e sombra (muito parecida com a de aravaggio) para sugerir a intensidade emocional, a revelação e a meditação.

É possível dividir sua produção artística em duas fases principais:

Na primeira fase, o pintor abordou temas religiosos e alegóricos, com muitos detalhes , acabamentos cuidadosos, técnica refinada, além de gestos dramáticos em situação de grande ação, testando a expressão das emoções.

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The Raising of the Cross – 1633
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Ronda Noturna – 1642

Em sua segunda fase, o pintor muda completamente o seu estilo, por conta de uma vida trágica e miserável com a perda de seus entes queridos. Abandona características do barroco para adotar uma composição simplificada, com um clima silencioso e solene. Deixava grandes porções de tinta bruta ultrapassar os contornos: empastamento, salpicado, transparências e raspagens. Passou a se interessar até pelo material dos pigmentos que ele esculpia para as suas telas, o impaste chega a ter cerca de 5 milímetros de espessura. Era um “combate com a tinta” sem muito acabamento.

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The Dream of St. Joseph -1650

Rembrandt foi acusado algumas vezes de pintar personagens feios em um universo escuro. Partes de suas obras eram pintadas muitas vezes com os olhos na sombra, sinal na época de um espírito perturbador e pensativo, dando ao espectador a sensação de uma imagem incompleta, uma forma de dar continuidade a obra através de sua própria imaginação.

Autorretrato  - 1627
Autorretrato – 1627

Os temas mais comuns do pintor são: temática sacra, os retratos grupais e os autorretratos.

As pinturas sacras foram realizadas por toda a vida do pintor, onde apresenta cenas bíblicas com extrema sensibilidade e profundidade espiritual. Sua pintura cresceu e se desenvolveu no mundo marcado pelas diferentes religiões. Tradições espirituais, filósofos, sábios, magos, padres, profetas e santos aparecem em seus quadros.

O Martírio de santo Estêvão - Rembrandt – 1625
O Martírio de santo Estêvão – Rembrandt – 1625
O Apostolo Paulo – 1657
O Apostolo Paulo – 1657

Os retratos em grupo era moda na Holanda, onde corporações e guildas procuravam pintores para terem seu retrato imortalizado na tela.

Aula de anatomia do Dr. Tulp – 1632.  Nesta obra, a curiosidade e o assombro estão estampados em cada face e em cada gesto.
Aula de anatomia do Dr. Tulp – 1632.
Nesta obra, a curiosidade e o assombro estão estampados em cada face e em cada gesto.

Muitos pintores costumavam pintar a si mesmo como tema de seus quadros. Por volta do século 16, o autorretrato tornou-se um gênero a parte. Essa técnica era vista como “daquele que observa a vaidade” .

Rembrandt tornou-se constantemente, tema de seus próprios quadros. Pintando a si mesmo em meio a cenas religiosas e autorretratos.

Desde os 20 anos até a sua morte, aos 63 anos, o pintor desenhou , gravou e pintou o seu próprio rosto inúmeras vezes. Um de seus primeiros autorretrato foi feito no inicio de sua carreira em um ateliê de Leider. Ele só voltaria a fazer outras pinturas com o mesmo tema 26 anos mais tarde.

O artista em seu estúdio – 1626
O artista em seu estúdio – 1626

O espelho era usado para a representação do autorretrato, objeto que intrigava pintores e sábios na época. Os cientistas descobrem no espelho paradoxos da simetria e do infinito. Os pintores, os paradoxos da representação e do olhar refletido.

O pintor representava a si mesmo em todo tipo de traje e de pose. Frequentava leilões e comprava lotes de trajes antigos, armas chapéus… Seus acessórios e situações representavam certos acontecimentos da época, como as pinturas em que se retratava com peças de armadura, colete ou capacete, essas peças poderiam ser uma espécie de chamado patriótico, as províncias holandesas tinham acabado de conquistar sua liberdade contra a Espanha.

Muitas vezes o pintor aparece com uma touca ou boina. A boina é associada aos artistas e a sua vida livre, além de simbolizar também a genialidade artística.

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Seu traje mais comum era uma espécie de blusa como colarinho aberto e com a cintura presa por um cinto e diferentes turbantes, esse era o seu traje de trabalho.

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Ao deixar Leiden para ir para Amsterdam, Rembrandt se retratou como burguês usando um chapéu, e assinou pela primeira vez uma obra apenas seu nome de batismo.

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Aos 34 anos retratava a si mesmo em um traje renascentista na mesma posição altiva que os personagens dos grandes pintores Italianos:

Baltasar Castiglione, por Raffaelo Sanzio
Baltasar Castiglione, por Raffaelo Sanzio
e Retrato de Homem, por Ticiano
e Retrato de Homem, por Ticiano
O autorretrato de Rembrandt aos 34 anos.
O autorretrato de Rembrandt aos 34 anos.

Rembrandt era desprovido de graça, observava os estragos do tempo – “O tempo trabalha cmo artista sobre os rostos humanos”.

Colonia, um dos quadros mais misteriosos, onde Rembrandt pinta a si mesmo muito mais velho do que nos outros retratos daquele mesmo ano, onde aparece com um sorriso irônico e com a imagem cortada.

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Com as encomendas cada vez mais baixas e com as dividas acumulando, Rembrandt chega ao ponto de morrer miserável, em 4 de outubro de 1669.

Johannes Vermeer

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Johannes Vermeer nasceu dia 31 de Outubro de 1632 em Delft na Holanda, em uma família protestante onde seu pai era comerciante de arte. Estudou pintura entre 1652 e 1654 com Karel Fabritius e também Rambrandt, juntou- se a Guilda de São Lucas. Em 1653 converteu-se ao catolicismo para se casar com Catharina Bolnes, tiveram 15 filhos, porém quatro faleceram ainda pequenos.

Trabalhava como comerciante de arte e pintor por comissão, vivia humildemente devido sua condição de pobreza, muitos quadros de Vermeer eram assinados por outros artistas para ganhar valor, ou entregues como pagamento de dividas. A maioria de suas obras não foram assinadas, hoje existe uma grande dificuldade em descobrir suas obras causando muitas polemicas em diversos quadros, na intenção de definir suas obras e sua ordem cronológica. 35 obras são reconhecidas como de autoria de Vermeer porem somente duas obras foram assinadas, A alcoviteira de 1656 e O astrônomo de 1668. Em meados de 1670 sua sogra Maria Thins perdeu suas terras devido a abertura dos diques em uma tentativa de defesa contra a França causando a decadência financeira total de Vermeer e sua família.

Conhecido também por Johannes van der Meer ou Vermeer de Delft morreu em 15 de Dezembro de 1675 em Delft onde viveu por toda sua vida. Após sua morte sua mulher Catharina Bolnes foi obrigada a vender os quadros de seu marido o maior comprador de suas obras foi o impressor Jacob Dissius e só em 1696 seus trabalhos foram valorizados. Porem Vermeer só foi reconhecido em 1866 pelo historiador de arte francês Théophilie Thoré que usava como pseudônimo o nome de W. Burger atribuindo 76 quadros a Vermeer e por muito tempo acreditava-se que ainda existia pinturas a serem descobertas. Atualmente estudiosos afirmam que somente 35 a 40 quadros são do pintor e ainda existe uma polemica sobre a autenticidade de algumas obras.

Vermeer participou do estilo barroco época das grandes navegações, com pinturas de cenas cotidianas em ambientes equilibrados, é conhecido como o mestre da luz. Após o aterramento de pântanos a luz não se refletia mais, mudando a cor dos céus holandeses. Deste modo esta luz aparece somente em quadros antigos. Vermeer  usava poucas cores e produzia suas próprias tintas, denominado a arte da maestria, misturando-se pouco e aplicando camadas de verniz que traziam a sensação de vida a suas obras muito amarelo e azul e prezava sua qualidade da cor, o azul por exemplo foi obtido com a pedra semipreciosa chamada de lápis-azuli muito caro na época, valorizada inclusive atualmente resultando na cor ultramar, a cor azul do alto mar.

Algumas obras

 MOÇA COM BRINCO DE PEROLA, de 1666.
MOÇA COM BRINCO DE PEROLA, de 1666.

Esta obra é considerada a Mona Lisa da arte holandesa descoberta num leilão em 1881 em Haia na Holanda uma imagem poética com um jogo de luzes equilibrado, poucas cores porem cores vivas contrastando com cores pastel que dão vida a pintura.

O ESTUDIO DO ARTISTA
O ESTUDIO DO ARTISTA
A ALCOVITEIRA , 1656
A ALCOVITEIRA , 1656
A LEITEIRA, 1658
A LEITEIRA, 1658
O ASTRONOMO, 1668
O ASTRONOMO, 1668
LEITORA A JANELA
LEITORA A JANELA
MULHER COM COLAR DE PEROLAS
MULHER COM COLAR DE PEROLAS
A RENDEIRA, 1670
A RENDEIRA, 1670
MULHER LENDO UMA CARTA, 1665
MULHER LENDO UMA CARTA, 1665

Referencias:                                                   WWW.holand.com/br/turismo/artigo/rembrandt-van-rijn-17.htm

www.suapesquisa.com/biografias/rembrandt.htm

Rembrandt Van Rijn – Autorretratos – episódio da série Paletas

http://masp.art.br/masp2010/exposicoes_integra.php?id=127

 

http://www.holland.com/br/turismo/artigo/johannes-vermeer-18.htm

Verbete elaborado por Andréia Carolina Duarte Duprat
Aluna do Bacharelado em História da Arte da UFRGS

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